Nasceu em Baião e foi nas encostas do Marão que se começou a forjar este mestre que é um caso raro no futebol profissional. Chama-se Ricardo Monteiro mas todos o conhecem por Tarantini. É um futebolista invulgar e fora do comum no futebol mundial: licenciou-se com distinção e concluiu um mestrado com mérito durante o seu percurso futebolístico profissional. A isto, soma o respeito dos colegas do mundo do futebol e uma liderança inquestionável como capitão da equipa que representa atualmente: o Rio Ave.
O atleta nasceu em Gestaçô, no concelho de Baião, e foi lá que pediu ao pai, aos 9 anos, para jogar futebol. Desde aí, nunca mais parou. Depois de falhar uma transferência para o Boavista e uma entrada na Faculdade de Desporto do Porto, chegou à Universidade da Beira Interior, ao Sporting Clube da Covilhã.
Na cidade da neve impressionou pelas suas competências académicas e de lá viria a sair um mestre de média 18 e, ainda enquanto estudante, um convite para jogar em Gondomar. A partir daí foi rápida a sua ascensão ao escalão mais alto do Futebol Profissional.
Hoje, Tarantini, é um dos símbolos do Rio Ave. É capitão do clube e um caso de longevidade no futebol. Em nove temporadas, o médio de 33 anos viu passar seis treinadores pelos Arcos. Perdeu, empatou e ganhou com todos. Ficou, como mais ninguém, associado aos momentos altos do clube.
“A minha causa” é o seu primeiro livro e advém do facto do jogador acreditar que o sonho de futebol, ainda que idílico para muitos, fica muitas vezes aquém do que se pensa ou deseja. As razões são variadas, mas o resultado é quase sempre o mesmo. Lesões graves, doenças inesperadas, problemas de gestão financeira, maus investimentos, fraudes, falta de pensamento pós-futebol, más opções de vida … uma lista sem fim de episódios que acabam por destruir o sonho e consequentemente o indivíduo, profissional e pessoalmente. Casos que criam um desequilíbrio emocional e social tal, que levam a situações de dificuldade de readaptação a uma nova realidade, e que podem até levar a problemas de harmonia familiar e à perda do indivíduo capaz e integrante de uma sociedade plural e ativa.
De acordo com o jogador os dados são alarmantes no mundo do desporto: 80% dos jogadores da liga de futebol americano que se retiram ficam falidos nos primeiros três anos; 60% por cento dos basquetebolistas da NBA que se retiram ficam falidos em cinco anos; 60 em 100 jogadores na Liga de Inglesa de futebol ficam falidos num período máximo de cinco anos após findarem a carreira futebolística.
Um problema real e que Tarantini pretende solucionar. O projeto “A Minha Causa” tem a intenção de dar a conhecer o problema e quantificá-lo em Portugal. É essa discussão que se propõe, também, abordar em Baião, concelho onde nasceu e que lhe ficou no coração.
Paulo Pereira, presidente da Câmara Municipal de Baião, refere que “é sempre uma honra receber Tarantini” e que o seu primeiro livro, que o autarca já leu, “devia ser lido por todos, pois aborda questões que vão muito para além do desporto, nomeadamente da importância de uma atitude proativa perante as adversidades, obstáculos e dificuldades que a vida nos coloca. Mas sobretudo os desportistas, porque alerta para a necessidade de se investir na formação académica e na criação de projetos paralelos à carreira profissional, de forma a preparar-se a nova vida que os espera: o futuro depois do desporto. É um projeto muito interessante. Todos os baionenses têm o maior orgulho neste conterrâneo”, frisou.
A apresentação acontece no dia 31 de janeiro, às 21h00, no Auditório Municipal do concelho. A entrada é gratuita e a autarquia convida todos os cidadãos a vir celebrar com orgulho o sucesso deste filho de Baião.