As comemorações do Dia Internacional dos Monumentos e Sítios tiveram lugar na tarde de 18 de abril no Mosteiro de Ancede e contaram com a presença da vereadora da cultura e do património cultural da Câmara Municipal de Baião, Anabela Cardoso, do presidente da junta de freguesia de Ancede e Ribadouro, Daniel Guedes, de todos os alunos e professores do 4º ano de escolaridade do Centro Escolar de Eiriz e de alguns habitantes de Ancede que são donos de estórias “únicas e irrepetíveis” relacionadas com o património baionense.
Sendo o mote das comemorações de 2018 “de geração para geração”, Daniel Guedes contactou algumas das pessoas que estudaram na antiga escola do Convento e outras que fizeram a transição ente a escola ”velha” e a “nova” inaugurada em 1948, ou a de Lordelo que terá sido inaugurada em 1949.
A escola “velha” do convento era a única da freguesia. E nos finais da década de 40 foram então inauguradas a Escola do Convento, no lugar da Aveleira, e a de Lordelo, no lugar do Arco. A construção destas escolas estava integrada no “Plano dos centenários” promovido pelo Estado Novo entre 1940 e que se prolongou até meados dos anos 60.
A geração sénior deu nota das memórias dos seus primeiros anos de escola, da relação com os seus professores, das merendas que levavam de casa, de como combatiam o frio, dos castigos, do material escolar, dos exames da 3º e da 4º classe, e até como se pedia para usarem a “casa de banho” que na altura não existia, havendo apenas disponíveis as antigas latrinas.
Os mais pequenos preparam um conjunto de questões para os seniores tendo como ponto de partida as suas vivências. Perguntaram por exemplo, “se os professores eram amigos e se davam beijinhos”, se “os meninos eram felizes”, se tinham “mochila e cadernos”, se “faziam testes”, se “tinham cantina” ou “quais os símbolos que tinham nas paredes”.
Contou-se ainda com a participação da Prof. Elisa Valério Pinto que deu o seu testemunho relativo aos inícios dos anos 70 quando começou a lecionar com turmas de 45 alunos e com vários níveis de ensino. Como a escola primária do convento tinha ardido, a professora deu aulas nuns pavilhões de madeira tendo depois voltado a inaugurar de novo a “EB1 do Convento” já apetrechada com material didático, como a caixa métrica, a balança ou as medidas de capacidade.
Carla Stockler, técnica do município da área patrimonial, deu conta de que o “museu municipal de Baião, partindo dos conhecimentos que se têm vindo a consolidar sobre o Mosteiro de Ancede direcionou a pesquisa para alguns livros de atas da CMB entre 1910 e 1950, o que permitiu obter informações sobre o colégio de raparigas aberto pelo Barão de Ancede no mosteiro de Ancede; os últimos anos da escola velha do Convento; a escolha e expropriação dos terrenos para a construção das novas escolas em Ancede; os valores despendidos pelo Estado e a comparticipação da CMB em 50 % na construção, assim como as questões que eram colocadas à CMB pelos professores e pela delegação escolar como o abastecimento de água, a existência e/ou a falta de material didático, entre outos”.
Anabela Cardoso dirigiu-se aos convidados da iniciativa agradecendo “a partilha de conhecimento a que todos se propuseram”, lembrando a “importância de conhecermos a nossa história e a forma como chegamos até aos dias de hoje”. A vereadora da cultura reforçou a “necessidade de preservação do património, assente no pressuposto de que é necessário conhecer para preservar e preservar para transmitir”.
Da mesma ideia corrobora Daniel Guedes que se mostrou “muito satisfeito” por ver em Ancede “esta troca de conhecimentos e experiências, sobretudo quando se juntam várias gerações, com visões muito diferentes, e construtivas, sobre aquilo que foi e é hoje o património que se conhece na freguesia”.
Para assinalar esta data, e a fim de incentivar a participação nas diversas iniciativas que têm lugar em todo o país, as entradas nos Museus, Palácios e Monumentos sob tutela da Direção Geral do Património Cultural foram gratuitas no dia 18 de abril.