Apresentado 7º volume sobre a História Económica e Social de Baião

Partindo das Memórias Paroquiais publicadas em 1758, o autor da obra, Pedro Nuno Vieira, apresenta-nos as informações historiográficas retiradas das respostas dos párocos das freguesias que compõem hoje o território de Baião, desenvolvendo várias linhas de análise ao nível demográfico, geográfico, económico, social, cultural e devocional das populações que habitavam no concelho.

Sempre que os dados o permitem, procura-se perceber os ritmos, por exemplo, da evolução da população de 1758 até aos nossos dias, relacionando a distribuição espacial da população com os recursos naturais disponíveis e as características geomorfológicas do território; as estruturas eclesiásticas e de fiéis que coexistiam na época, as suas dinâmicas, os ritmos de fé e os padrões devocionais que então prevaleciam. Ao nível económico, consegue-se analisar o tipo de produções que se destacavam e, mais uma vez, como estas se relacionam com as diferentes unidades de paisagem, dependendo quase exclusivamente do meio natural em que se enquadram, as estruturas agrícolas existentes, o regime de acesso e a exploração dos recursos hídricos, as dinâmicas da economia local e regional e até as redes de comunicação principais deixando adivinhar as fortes dificuldades ainda existentes e o caráter de isolamento a que Baião ainda estava votado”, deu conta Pedro Nuno Vieira.

Acompanharam o autor na apresentação da obra o presidente da Câmara Municipal de Baião, Paulo Pereira, Anabela Cardoso, vereadora da Cultura e Jorge Ferreira, responsável da editora Caleidoscópio.

Paulo Pereira começou por saudar os presentes dando-lhes conta da sua “satisfação por ver apresentado mais um volume sobre a História Económica e Social de Baião”. O edil baionense lembrou “a importância deste trabalho de investigação que permitirá à comunidade local ter presente na sua vida a história do território que herdou, a cultura que interpreta e o modo como é formada a vida social e atividade económica num determinado espaço e tempo, resultado de um longo cruzamento sociocultural e sociopolítico”.

Anabela Cardoso corrobora da mesma opinião. A vereadora da Cultura elogiou a obra classificando-a como “orientadora para a valorização do território e da sua linha estratégica de desenvolvimento, assim como para a afirmação da identidade do concelho”.

A obra reparte-se por 190 páginas e 3 grandes capítulos: “O inquérito de 1758 e os esforços antecedentes na descrição do território português”; “Quadro humano e meio natural” e “Memórias paroquiais – 1758”. O texto de apresentação é da autoria de José Luís Carneiro e o prefácio de Lino Tavares Dias que, embora não estivessem presentes na apresentação da obra, por motivos profissionais, enviaram uma mensagem que foi lida por Paulo Pereira logo no início da sessão.

José Luís Carneiro deixou claro de que “nenhuma terra sobreviverá à usura do tempo sem um conhecimento fundo da sua história, da sua cultura, das suas formas de atividade económica e das suas estruturas sociais. É necessário que este conhecimento esteja enraizado nas nossas gentes, das crianças aos mais velhos”.

Lino Tavares Dias mostrou-se satisfeito com a evolução do projeto História Económica e Social. O arqueólogo e investigador voltou a lembrar o facto “dos vários volumes obedecerem a uma abordagem estratigráfica, própria da arqueologia, que vai dissecando diferentes épocas e temas históricos. Este estudo é tão profundo que as futuras gerações darão ainda mais valor a estas temáticas retirando dele vários ensinamentos sobre a identidade dos baionenses.

As próximas obras a serem lançadas serão os volumes alusivos à Pré-história”, ao ano 1000 e ao ano 1700.

Além do autor Pedro Nuno Vieira, a obra teve a coordenação de Lino Tavares Dias, colaboração de Carla Stockler e revisão de Isabel Santos Moura. A conceção e o design estiveram a cargo de Ricardo Alves.

Pedro Nuno Vieira nasceu em 1979 em Marco de Canaveses. É licenciado em História pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto e mestre em História e Património. Atualmente, exerce funções como docente da disciplina de História em Mirandela e Vila Real enquanto concilia esta atividade com vários trabalhos de investigação.

A realidade em 1758

Administrativamente, o então concelho de Baião apresentava-se, à época, um pouco diferente do atual, uma vez que Teixeira era ainda concelho autónomo, tendo câmara e jurisdição própria, fazendo parte da província de Trás-os-Montes. Todas as restantes freguesias integravam já o concelho de Baião que pertencia, por sua vez, à província de Entre Douro e Minho, comarca de Sobre Tâmega, com as seguintes ressalvas: existia a freguesia de Santa Comba de Telões, cuja área geográfica integra hoje a freguesia de Loivos do Monte, e na freguesia de Ancede incluía-se ainda a de Ribadouro, situação que corresponde grosso modo à atual união de freguesias de Ancede e Ribadouro.

Os poderes senhoriais ainda se faziam sentir no território em vários domínios da vida económica, social e política do território português de setecentos, incluindo no campo da jurisdição, sendo esta partilhada por vários senhores locais, sejam os dominicanos de Ancede, os detentores de honras do concelho de Baião ou de outras circunscrições mais ou menos vizinhas.

 

Coleção com 10 volumes

Cada volume tem um custo unitário de 25 euros (20 euros no lançamento) e dedica-se a uma época específica da construção da paisagem e da história de Baião, desde a pré-história até à contemporaneidade.

As 7 obras já lançadas, “Baião – Em torno do Ano Zero” de Lino Tavares Dias; “Baião – Em torno do Ano 500” de Arlindo de Magalhães;  “Baião – Em torno do Ano 1500” de Joel Mata; “Baião – Em torno das Memórias Paroquiais de 1758” de Pedro Nuno Vieira; “Baião – Em torno de 1800-1910” e “Baião – Em torno de 1910-2000” ambas de Jorge Fernandes Alves e “Baião – Em torno do território de Baião” de Elsa Pacheco, Laura Soares e António Costa podem ser encontradas na loja Interativa de Turismo de Baião, no Mosteiro de Santo André, em Ancede, e em várias livrarias nacionais, podendo também ser encomendadas através do email biblioteca@cm-baiao.pt