Fundação Eça de Queiroz entregou Prémio Literário

No dia 2 de outubro, realizou-se na Fundação Eça de Queiroz, em Santa Cruz do Douro, a cerimónia de entrega do Prémio Literário Fundação Eça de Queiroz / Fundação Millennium BCP.

Nesta iniciativa, que serviu também para festejar o 31.º aniversário da constituição da Fundação Eça de Queiroz, estiveram presentes a Ministra da Cultura, Graça Fonseca, o Presidente da Fundação Millennium BCP, António Monteiro, o Presidente da Câmara Municipal de Baião, Paulo Pereira, o Presidente do Conselho de Administração da Fundação Eça de Queiroz, Afonso Eça de Queiroz Cabral entre outras individualidades que integram os órgãos da Fundação e os Amigos de Tormes.

Frederico Pedreira, com a obra “A Lição do Sonâmbulo” foi o vencedor deste galardão, instituído em 2014 pela Fundação Eça de Queiroz em colaboração com a Câmara Municipal de Baião.

De dois em dois anos, o prémio no valor de 10 mil euros, distingue uma obra ficcional escrita em português e publicada em Portugal por um autor com menos de 40 anos.

Desde 2020 que o prémio passou a designar-se Prémio Literário Fundação Eça de Queiroz / Fundação Millennium BCP, uma vez que tem agora o apoio mecenático da Fundação Millennium BCP que tem na cultura e preservação do património histórico a sua principal área de intervenção.

PRESENÇA DA MINISTRA DA CULTURA PRESTIGIOU O EVENTO

A presença da Ministra da Cultura, foi um dos pontos altos da cerimónia, tendo a governante afirmado que “é uma honra estar presente nesta cerimónia num lugar único do património literário português e que é uma janela para o património natural que Eça de Queiroz tão ricamente descreveu”.

A ministra felicitou Frederico Pedreira pela distinção e referiu que espera que “este prémio seja um incentivo para que continue a escrever e possa dedicar mais horas à sua criação”.

Graça Fonseca terminou dizendo que “apesar de ser lisboeta, não acredito que a política se faça a partir de Lisboa e, estando presente em iniciativas como esta é a melhor forma que tenho de honrar o cargo que me foi atribuído”.

O Presidente da Fundação Millennium BCP, António Monteiro, afirmou que “este prémio é uma maneira de ajudar à divulgação das obras”, realçando ainda o “trabalho notável que tem sido feito pela Fundação Eça de Queiroz”.

Para o antigo Embaixador de Portugal em Paris, o escritor “foi o grande impulsionador do conhecimento da cultura portuguesa em França, o que é notável tendo em conta o ceticismo que os franceses têm relativamente a outras culturas”.

O Presidente da Fundação Eça de Queiroz, Afonso Eça de Queiroz Cabral fez questão de realçar o profissionalismo dos funcionários que trabalham na Casa de Tormes e referiu que “apesar de todos os constrangimentos, o último ano foi um ano excecional e histórico, devido à votação unânime na Assembleia da República sobre a concessão de honras de Panteão Nacional a Eça de Queiroz. Também o facto de Luís Santos Ferro ter doado o seu espólio queirosiano significou um enriquecimento brutal do nosso património, pois só a título de exemplo, temos agora todas as primeiras edições”.

O Presidente da Câmara Municipal de Baião, Paulo Pereira, na sua intervenção referiu que “a Fundação Eça de Queiroz é uma das joias da coroa de Baião e é uma referência no que diz respeito aos estudos queirosianos, lançando luz e abrindo caminhos de estudo para os investigadores de todo o mundo que aqui acorrem. A Fundação é um dos pilares estratégicos na vertente da cultura e do turismo que temos levado a cabo na autarquia. Através desta iniciativa, a Fundação e o Município estão mais uma vez irmanados num propósito comum – através da vida e obra de Eça de Queiroz promover a cultura em todas as suas dimensões, fazendo deste espaço e de Baião, um polo onde literatura, investigação e criatividade se encontram”.

Afonso Cabral terminou dando os parabéns a Francisco Pedreira pela distinção com o Prémio Literário.

O escritor distinguido agradeceu a presença da Ministra da Cultura e à Fundação Eça de Queiroz e à Fundação Millennium BCP pela distinção, destacando “ser estranho falar da obra em público, devido a ser algo que começou de uma forma tão íntima” e que “é um livro que é uma autobiografia espiritual e representa o meu interesse pela linguagem. Ou seja, a palavra como elemento fundador, criando uma realidade com planos diferentes e, de certa maneira, ao reler o livro achei que, ao contrário do que diz o título, não havia nenhuma lição propriamente dita a tirar. O que aprendi com este livro foi, essencialmente, a trabalhar melhor a linguagem, o que me permitiu conhecer melhor o tal elemento fundador das palavras”.

NOTA BIOGRÁFICA DO AUTOR

Frederico Pedreira nasceu em Lisboa em 1983. Doutorou-se em Teoria da Literatura, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

Publicou vários livros de prosa e de poesia, entre os quais “Doze Passos Atrás”, “Presa Comum”, “Fazer de Morto”, “A Noite Inteira”, “A Lição do Sonâmbulo”, e o livro de ensaios “Uma Aproximação à Estranheza”.

Traduziu poemas de W.B. Yeats, ensaios de G. K. Chesterton e obras de Dickens, Wilde, Hardy e Banville, entre outros autores.

Colaborou na secção de cultura de alguns jornais nacionais.

Em 2016 venceu o Prémio INCM / Vasco Graça Moura na categoria de Ensaio (2016) e em 2021 o Prémio de Literatura da União Europeia por “A Lição do Sonâmbulo”.