Baião e a experiência enriquecedora em Cilento

O Presidente da Câmara Municipal de Baião, Paulo Pereira, faz um balanço “extremamente positivo” da visita realizada, no âmbito da Comunidade Intermunicipal do Tâmega e Sousa (CIM-TS) à Bio-Região de Cilento, no Sul de Itália, que decorreu de 19 a 23 de setembro. A deslocação surgiu a convite da International Network of Eco Regions, (IN.N.E.R.), entidade responsável pelo processo de certificação das Bio-Regiões, na sequência do processo em curso que visa a integração da CIM-TS na Rede Internacional das Bio-Regiões.

Para Paulo Pereira, tratou-se de uma “jornada de trabalho muito interessante e de uma troca de experiências que nos torna a todos mais ricos e mais esclarecidos no que respeita às boas práticas em prol da sustentabilidade e melhoria das condições de vida das populações, em harmonia com o planeta”. O edil baionense sublinha ainda que, nesta experiência, “encontramos o sentido para que os autarcas dos territórios interessados no desenvolvimento de um projeto similar, procedam a um trabalho de campo para compreenderem o desafio e identificarem pontos em comum que permitam a identificação e desenvolvimento de parcerias”.

Os dias da presença da representação portuguesa na Bio-Região italiana foram preenchidos com visitas de campo, reuniões de trabalho em torno das experiências locais, ou em partilha de conhecimentos, dando também a conhecer a nossa realidade.

Na terça-feira, dia 20 de setembro, realizou-se uma visita à Empresa Agrícola La Petrosa. Trata-se de uma aposta no Agroturismo, onde os hóspedes podem desfrutar de um vasto leque de opções e de emoções. La Petrosa é, ao mesmo tempo, um hotel, um parque natural, uma fazenda, um castelo, um velho celeiro, um local de acampamento, um restaurante com comida tradicional, produzida no local, entre outras valências.

Ao final da tarde, teve lugar uma Reunião das Bio-Regiões, com a participação de instituições, organizações internacionais (IN.N.E.R./GAOD) e stakeholders locais. Mais uma oportunidade para a comitiva portuguesa partilhar experiências e colher ideias e ensinamentos sobre opções, práticas e resultados.

Métodos de cultivo que regeneram a vida útil do solo

O dia de quarta-feira, dia 21 de setembro, foi preenchido com uma visita à Cooperativa Agrícola Nuovo Cilento, em San Mauro Cilento, com a companhia do Presidente da Câmara de San Mauro Cilento. Esta Cooperativa, fundada em 1976, dedica-se, entre outras atividades, à produção de azeite extra virgem, com elevada concentração de antioxidantes e utiliza métodos de cultivo que regeneram a vida útil do solo.  O Almoço foi servido no restaurante integrado na Cooperativa e que propõe as receitas da antiga cozinha de Cilento, preparada com os produtos da biodiversidade local e da dieta mediterrânea. A Cooperativa integra um “Laboratório de Pesquisa Gastronómica”, denominado “Al Frantoio”.

Um estilo de vida inspirado na alimentação saudável

Durante a tarde, decorreu a visita ao Museu Vivo da Dieta Mediterrânea de Pioppi, local onde se iniciou o processo que conduziu à atribuição do estatuto de Património Imaterial da Humanidade. O Ecomuseu da Dieta Mediterrânea, é composto por cinco salas de exposição, com painéis descritivos e vídeos, incluindo uma dedicada aos sentidos, com instalações para paladar, tato e olfato e o espaço para massas caseiras, com tutoriais em vídeo das donas de casa de Cilento. Além de outros atrativos,  promove oficinas educativas, aulas de culinária e visitas guiadas por caminhos, hortas e moinhos na região, incentivando um estilo de vida inspirado na alimentação saudável, no respeito pelo meio ambiente e pela cultura local.

Na quinta-feira, dia 22 de setembro, a visita centrou-se no Parque Arqueológico de Elea–Velia, Património da Humanidade, que apresenta as antigas ruínas da Magna Grécia, que remontam ao século VI a.C. Neste Parque, a delegação portuguesa esteve em contato com o responsável pela dinamização, numa troca de ideias e procedimentos relativos a boas práticas, no âmbito da salvaguarda e promoção do património cultural. Neste caso, estabelecemos o paralelo com o Município de Baião e com o trabalho que temos desenvolvido no sentido do estudo e da valorização do Património, de que é exemplo, o Campo Arqueológico da Serra da Aboboreira, numa parceria com os concelhos vizinhos de Amarante e Marco de Canaveses, que culminará com a classificação como Área Protegida Regional.

Ao final da manhã de quinta-feira, a comitiva portuguesa foi conhecer a empresa Agroturística Anna dei Sapori. Esta unidade aposta na produção biológica do figo branco, um produto autóctone de Cilento, do qual é feita também a secagem. É uma empresa de referência, exemplo de economia circular, está dotada de espaços de alojamento turístico e de um restaurante que serve refeições confecionadas com base em produtos biológicos.

Situada no Parque Nacional de Cilento, Vallo di Diano e Alburni – Região da Campânia, Itália, a Bio-Região de Cilento inclui 41 municípios-membros, mais 54 municípios, também localizados na área do parque. Estes, apesar de não estarem associados, recebem, regularmente os serviços oferecidos pela Bio-Região. Além da área de 3.196 quilómetros quadrados da Bio-Região, existem ainda 1.032 quintas orgânicas, 26.932 hectares de Área de Agricultura Orgânica Total, 13.749 hectares de Agricultura Orgânica Utilizada e 3 sítios arqueológicos e culturais.

A Bio-Região de Cilento é um exemplo de boas práticas e apresenta um conjunto de projetos consolidados e com resultados positivos. A deslocação da delegação da Comunidade Intermunicipal do Tâmega e Sousa permitiu estreitar laços e acertar parcerias para o futuro, estando já em agendamento outros encontros, quer na nossa Região, quer em Itália.