José Luís Carneiro, Ministro da Administração Interna e ex-Presidente da Câmara e da Assembleia Municipais de Baião, na primeira visita oficial à sua terra natal, enquanto Ministro, presidiu às celebrações do 60.º aniversário da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Baião, no dia 8 de outubro.
A cerimónia teve início na Praça D. Manuel de Castro, onde o governante passou revista à formatura dos voluntários da corporação e onde foram admitidos à categoria de Bombeiro, 11 novos elementos. Foram ainda assinaladas promoções na carreira de vários bombeiros, tendo havido também a oferta de um desfibrilhador por parte das freguesias servidas pela Corporação. Os Bombeiros Voluntários de Baião realizaram ainda um desfile apeado e motorizado pelo centro da vila.
Já no Salão Nobre dos Bombeiros Voluntários de Baião, onde foram feitas as intervenções, o Presidente da Direção da Associação Humanitária, Orlando Rodrigues, deu conta da “honra em receber o senhor Ministro da Administração Interna, nesta que também é a sua casa”. O dirigente considerou tratar-se de “um momento alto e marcante de que todos nos devemos orgulhar e que vai ficar registado na história da vida desta Associação”, afirmou.
O Presidente da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Baião fez, de seguida, uma retrospetiva histórica da Associação lembrando que “a caminhada começou a ser calcorreada no início do ano de 1961, em que se realizaram as primeiras reuniões de trabalho, tendo como objetivo a formalização da sua constituição”.
Após referência ao percurso da Corporação e a todos aqueles que deram o seu contributo para a prestação do melhor serviço à população, Orlando Rodrigues deu conta das suas preocupações quanto ao futuro da Associação, nomeadamente no que respeita à sua sustentabilidade. O dirigente enalteceu também o papel que tem sido desenvolvido pelo comandante da corporação, Alexandre Pinto, e elogiou o corpo de bombeiros, considerando-o “dinâmico, forte, pujante, motivado e entusiasmado”. O dirigente destacou também o bom relacionamento existente com a Câmara Municipal de Baião, referindo estar certo da continuidade desse espírito de cooperação.
O Ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, na sua intervenção, realçou o significado especial das cerimónias, tendo em conta “que procuramos destacar e homenagear o papel dos Bombeiros, pela singularidade da sua história e pela importância que têm na vida e na segurança de todos os portugueses. Sobretudo, porque os bombeiros voluntários nascem da vontade do povo, juntam homens e mulheres que decidem servir sem pedir nada em troca”, sublinhou.
O Ministro deixou ainda a notícia de que, fruto do diálogo do Governo, através do seu Ministério e do Ministério da Coesão Territorial, “com a Liga de Bombeiros Portugueses, temos já um acordo de princípio para que as Associações Humanitárias de Bombeiros e as entidades municipais possam ter uma linha de financiamento no Quadro Comunitário 2030, para financiar infraestruturas, equipamentos e para modernizar os equipamentos de combate aos incêndios florestais”, revelou.
Numa perspetiva de futuro, José Luís Carneiro referiu que, “valorizando o que o sistema de Bombeiros nacional tem de melhor, na sua génese voluntária, não podemos deixar de responder ao desafio da profissionalização”. Neste sentido, o Ministro deu conta da ação do Governo no que respeita às Equipas de Intervenção Permanente (EIP), numa aposta clara no reforço do modelo de resposta profissional permanente a riscos de proteção civil”, assegurou.
“QUEREMOS UMA REDE MAIS PRÓXIMA DOS TERRITÓRIOS, DOS PARCEIROS E DO CIDADÃO…”
O Ministro destacou ainda que “estamos a trabalhar em conjunto com a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil – ANEPC, para a implementação, cuidada e planeada, do novo modelo territorial da Proteção Civil, que decorre da Lei Orgânica aprovada em 2019. Queremos uma rede mais próxima dos territórios, dos parceiros e do cidadão e estamos seguros de que esta alteração irá beneficiar a globalidade do sistema, afirmou.
Referindo-se ao Comando Sub-Regional do Tâmega e Sousa, que está em fase de testes, em Baião e que, segundo o Ministro, estrará em pleno funcionamento a 1 de janeiro de 2023”, adiantou que “nestas salas de operações e comunicações está a ser possível a partilha de conhecimentos e o aproveitamento de sinergias entre os operadores de telecomunicações dos atuais comandos distritais e os operadores de telecomunicações de emergência dos futuros comandos sub-regionais”.
A terminar a sua intervenção, José Luís Carneiro, adiantou que no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), o setor dos Bombeiros foi contemplado com uma verba de cerca de 20 milhões de euros, dos quais 12,6 milhões se destinam à aquisição de 81 veículos florestais, naquela que será a maior distribuição desde 1980. Para a área do Comando Regional do Norte virão 14 veículos florestais e 12 veículos tanque para os Corpos de Bombeiros. Ainda segundo o Ministro, o PRR inclui ainda 6 milhões de euros para reforçar a segurança pessoal dos Bombeiros, através da aquisição de equipamento de Proteção Individual e 1 milhão de euros para formar, através da Escola Nacional de Bombeiros, 3.300 agentes de proteção civil até 2023, tendo os Bombeiros como principais beneficiários.
O Presidente da Câmara Municipal de Baião, Paulo Pereira, começou por fazer o reconhecimento do “trabalho altruísta, que eu quero enaltecer e saudar efusivamente, nas pessoas do Presidente da Direção e do Comandante, respetivamente Orlando Rodrigues e Alexandre Pinto, e neles, todos os elementos dos Corpos Sociais, do Corpo Ativo ou do Quadro de Honra ou do Quadro de Reserva, bem como dos associados e amigos, enfim toda esta grande família humanitária”.
O autarca referiu-se também a todos aqueles que foram promovidos e condecorados, considerando que se trata do reconhecimento do percurso como Bombeiros e da “vossa abnegação como cidadãos. Simboliza também a confiança que a Comunidade demonstra em vós e a expectativa que todos temos em que continuem a fazer bem naquilo que esta Associação é unanimemente reconhecida: o de bem servir o próximo”, sublinhou. Paulo Pereira deixou também uma referência especial aos onze novos bombeiros aos quais foram impostas as insígnias, enaltecendo a sua coragem e sentido de responsabilidade. Ao mesmo tempo, deixou um agradecimento “por aceitarem dar do vosso tempo para serem Bombeiros, e dar conta do meu orgulho em conhecer jovens com tal espírito de missão”, afirmou, incitando-os a aprenderem com aqueles que usam as insígnias há mais tempo garantindo que “terão em cada um desses colegas exemplos de retidão e coragem”.
Após assegurar que a Câmara de Baião continua atenta ao que se passa com as corporações de Bombeiros do concelho, o edil recordou a relação de estreita colaboração que tem existido e o apoio que a autarquia tem disponibilizado, como reconhecimento do “inestimável serviço que prestam às nossas populações”. Além de muitas outras ações, referiu Paulo Pereira, “a autarquia em articulação com o Governo, dotaram, em 2018 e 2019, as duas corporações de bombeiros concelhias com duas Equipas de Intervenção Permanente (EIP), alocando-se uma a cada corporação”. Paulo Pereira disse entender as EIP’s como passos possíveis nesse caminho de atração de operacionais e respetiva profissionalização. No entanto, “importa encontrar soluções de financiamento que não onerem, ainda mais, os orçamentos das autarquias”, alertou.
Para o autarca, o Governo, tendo em conta que a ação dos Bombeiros corresponde a um desígnio nacional, garantindo-se uma resposta efetiva, permanente e profissional às necessidades e direitos das nossas populações, “deve, a meu ver, admitir possibilidades diversas que vão além do atual modelo protocolar das EIP. A possibilidade de poderem ser as próprias corporações, se assim o pretenderem, a complementar a participação Estatal nos custos destas equipas, seria uma boa hipótese, referiu Paulo Pereira. Por outro lado, se for considerada “imprescindível a participação das autarquias, então reforcem-se as transferências do Orçamento de Estado para acomodar tal intenção”, sugeriu.
Paulo Pereira deixou um alerta aos responsáveis pela Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Baião, referindo que “nestes tempos em que os acontecimentos se sucedem de forma frenética e nos interpelam permanentemente e, por vezes, nos podem confundir, em tempos em que a boa e a má informação se propaga, no mesmo palco, como um rastilho, nomeadamente com recurso a essa nova realidade pseudo-real ou virtual das redes sociais, saibamos, como o bom bombeiro, estar atentos e alerta. Não só às ignições de fogo real, mas também a outros tipos de ignições… Continuemos, pois, a atuar de forma articulada, assertiva, vigorosa, mas serena”, sublinhou.
Dirigindo-se ao Ministro da Administração Interna, o autarca de Baião, afirmou ser seu entendimento que há um conjunto de aspetos e desafios que são transversais a todas as corporações de Bombeiros, havendo outros que são muito específicos de determinados territórios e mesmo de cada corporação. Por isso, referiu Paulo Pereira, “importa, salvaguardando uma ampla visão de 360º, garantir, também, um olhar cirúrgico que permita identificar, perceber e atuar eficaz e eficientemente em função de realidades distintas”.
“CONTINUAREMOS ATENTOS E NÃO FALHAREMOS CONVOSCO, DENTRO DAS NOSSAS ATRIBUIÇÕES, COMPETÊNCIAS E RESPONSABILIDADES…”
O Presidente da Câmara Municipal de Baião disse estar certo de que os Bombeiros “sabem que a Câmara é e será parceira presente e segura na vossa ação e nos vossos projetos. Continuaremos atentos e não falharemos convosco, dentro das nossas atribuições, competências e responsabilidades, continuando a estar disponíveis, como sempre, para se encontrarem as melhores soluções para uma resposta adequada às necessidades da nossa Comunidade”.
Paulo Pereira terminou a sua intervenção reforçando a disponibilidade da Câmara de Baião, atuando sempre “em estrito respeito pelo princípio da subsidiariedade, pelas atribuições e competências de cada entidade, em clara atitude de colaboração, cooperação, solidariedade e de lealdade institucional, na defesa inabalável do interesse público e das nossas populações. É por isso que existimos!”, concluiu.