Quando a 24 de fevereiro de 2022, a Rússia invadiu a Ucrânia, o sentimento de perplexidade que assolou a Humanidade, rapidamente se transformou num espírito altruísta por toda a Europa.
Baião não ficou indiferente a este flagelo e logo na manhã dia 28 de fevereiro, o Presidente da Câmara Municipal de Baião, Paulo Pereira, contactou o Gabinete da Secretária de Estado para a Integração e as Migrações, Cláudia Pereira, no sentido de disponibilizar imóveis, propriedade da autarquia, devidamente equipados e preparados para acolher refugiados.
Entretanto os serviços municipais encetaram contactos com particulares e com instituições concelhias, com o objetivo de angariar mais alojamentos para acolher estes cidadãos, o que veio a acontecer.
Esta mobilização da autarquia, das instituições baionenses e da sociedade civil, permitiu criar condições de acolhimento para 30 pessoas que escolheram Baião para fugir ao flagelo da guerra.
É de realçar que o acolhimento não se cingiu à disponibilização de alojamento. O apoio da autarquia e da comunidade baionense foi ainda mais além ao proporcionar bens de primeira necessidade, refeições confecionadas e bens para confeção própria, auxílio no acesso ao sistema nacional de saúde e a cuidados de saúde primários e na obtenção de toda a documentação para poderem beneficiar da Lei de Proteção Temporária de Pessoas Deslocadas, diálogo com os Agrupamentos de Escolas para a integração das crianças ucranianas no sistema educativo e articulação com o Instituto de Emprego e Formação Profissional e com o Instituto de Segurança Social para a inserção no mercado de trabalho e formação de turmas para aprendizagem do português e obtenção de subsídios.
Foram ainda criados canais de comunicação diretos com a autarquia, nomeadamente através de um telefone que estava disponível 24 horas por dia e um email especialmente direcionado para este assunto.
A Câmara Municipal de Baião, através do Gabinete de Apoio ao Emigrante (GAE), monitoriza e acompanha a integração destes cidadãos, para além de promover diversas ações que visam proporcionar momentos de integração em que seja possível, pelo menos por algum tempo, amenizar o sentimento provocado pela situação que se vive no seu país de origem.
ACOLHIMENTO E PROXIMIDADE QUE FAZEM A DIFERENÇA
Estes cidadãos são vítimas de uma instabilidade cujo final não se consegue antever. Entretanto, como muitas famílias foram separadas, nomeadamente devido ao facto de a generalidade dos cidadãos do sexo masculino não poderem abandonar o país, uma família de três elementos (avó, filha e neto) decidiram arriscar e regressar à Ucrânia, mais concretamente a Kharkiv.
Na despedida, foram recebidos nos Paços do Concelho pelo Presidente da Câmara, Paulo Pereira e pelo Vice-Presidente, também responsável pelo pelouro dos Assuntos Sociais, Filipe Fonseca.
Paulo Pereira afirmou que “o acolhimento dos cidadãos ucranianos não foi apenas um esforço deste executivo e dos colaboradores municipais. A comunidade baionense, de uma forma geral, demonstrou todo o seu altruísmo e compaixão pela situação que estas pessoas vivem e foi inexcedível no apoio que lhes proporcionou”.
O autarca desejou ainda que “o conflito termine em breve para poderem viver em paz, pois bem merecem”.
Por seu lado, Filipe Fonseca, destacou “o apoio inexcedível da sociedade baionense e dos colaboradores da autarquia no que diz respeito ao apoio e acolhimento a estes cidadãos”.
O vereador responsável pelos Assuntos Sociais referiu ainda que “quando este conflito começou, tinha tomado posse há apenas quatro meses, no entanto, uma situação como esta, apesar de criar dificuldades e dúvidas, motivou-nos de uma forma especial, uma vez que, conforme aconteceu na Ucrânia, podia acontecer-nos a nós. Fizemos de tudo para proporcionar o melhor acolhimento possível, procurando mitigar o sentimento provocado pela situação que se vive no seu país de origem”.
A família ucraniana fez questão de agradecer o acolhimento que receberam, convidaram para uma visita à Ucrânia quando a guerra acabar, e, de forma emocionada, leram uma missiva dirigida ao Presidente da Câmara e à comunidade baionense:
“Prezado Presidente Paulo Pereira,
Agradecemos muito a sua atitude para connosco: Daria, Dima e Alla que aceitou como sua família. Deram-nos tudo que precisávamos para a vida e ainda mais.
Chegamos no início da guerra no nosso país, assustados com bombardeamentos constantes, mísseis e aviões bombardeiros.
Estávamos assustados, confusos e sem entender o que nos esperava e o que deveríamos fazer a seguir.
Tivemos de deixar as nossas casas e as nossas famílias para salvar a nossa vida e desta criança.
A Ilda Borges, colaboradora da autarquia, deu-nos proteção e tudo que precisamos para a vida e, para sempre, lembraremos o seu cuidado e gentileza.
Sentimos sempre o seu apoio, carinho e amor, agradecemos muito e nunca a esqueceremos.
Você e o maravilhoso país de Portugal permanecerão nos nossos corações. Obrigado à equipa que trabalha consigo e ajuda refugiados de guerra como nós.
Cuidou de nós, apresentou-nos a baionenses maravilhosos, convidou-nos para vários eventos, mostrou-nos a deliciosa cozinha e tradições portuguesas, paisagens de natureza incríveis, o oceano, e a cidade indescritivelmente bela de Fátima.
De todo o coração gostaria de lhe dizer as mais sinceras palavras de agradecimento pela sua cordialidade e conforto.
Obrigado pelo calor da hospitalidade. Sentimo-nos em casa e a cordialidade e a sinceridade foram uma recompensa para nós. A vossa hospitalidade não tem limites.
É muito bom que existam pessoas tão maravilhosas e sinceras. Portugal é um país mágico e o paraíso na terra! E nós realmente gostamos de estar em Baião e dos baionenses. Obrigado.”
Alla, Daria e Dima