Realizou-se a 30 de março uma reunião, em Baião, com a presença do presidente da Autoridade Nacional de Comunicações (ANACOM), João Cadete de Matos.
O convite foi feito pelo presidente da Câmara Municipal de Baião, Paulo Pereira, que em fevereiro já tinha realizado uma reunião com o responsável da delegação do Porto da ANACOM, Luís Roque Pedro.
Na reunião desta semana foi apresentado um estudo sobre a qualidade dos serviços de comunicações das redes móveis (telemóvel e internet) em Baião feito pela ANACOM a pedido da Câmara Municipal.
Pode consultar o Relatório da ANACOM aqui .
A sessão contou com a presença do presidente da Assembleia Municipal de Baião, Armando Fonseca, do vice-presidente da Câmara Municipal, Filipe Fonseca e de vários presidentes de Junta de Freguesia do concelho.
A ANACOM esteve representada pelo seu presidente, pelo responsável da delegação do Porto da ANACOM, Luís Roque Pedro, pela diretora do gabinete de comunicação, Ilda Matos e pelo responsável pelo gabinete de apoio ao conselho de administração, Pedro Ferreira.
Foram abordados problemas como a falta de cobertura de redes móveis e de banda larga fixa e móvel, bem como o modo como funciona o serviço postal em concessões a outras entidades (como autarquias de freguesia ou estabelecimentos comerciais).
“Ficamos muito agradecidos pela realização desta reunião e por terem elaborado o estudo solicitado. Tivéssemos nós uma resposta tão rápida por parte das entidades com que nos relacionamos e estaríamos muito melhor”, referiu o presidente da Câmara Municipal de Baião.
O autarca disse que a melhoria do sinal telefónico e de internet no concelho é importante por motivos de segurança dos cidadãos, de resiliência do território, mas também de competitividade.
“Possuirmos este diagnóstico feito pelo estudo da ANACOM é um passo importante para que os operadores de comunicações venham a dar melhores respostas”, notou Paulo Pereira.
MUDANÇA NAS TELECOMUNICAÇÕES EM PORTUGAL
O Presidente da ANACOM referiu que é esperada uma profunda mudança no panorama das telecomunicações em Portugal, na sequência da implementação do 5G, e do concurso para cobrir com fibra ótica as “zonas brancas”, ou seja, aquelas em que não existe cobertura de redes fixas de capacidade muito elevada.
As operadoras ficam obrigadas no contexto deste leilão a uma cobertura com banda larga móvel de 95 por cento da população total do país e à cobertura de 90 por cento da população de cada uma das freguesias consideradas de baixa densidade», até 2025, com «débitos mínimos de 100 Mbps ou 50Mbps, consoante a quantidade de espectro que adquiram».
Até final de 2023 a cobertura deverá ser de 75 por cento para cada uma das freguesias consideradas de baixa densidade.
Segundo João Cadete de Matos o leilão do 5G vai permitir a entrada de novas empresas no mercado, com impacto ao nível da concorrência, da qual poderá decorrer a existência de mais e melhores ofertas, em termos de inovação, qualidade e preço, o que é relevante, uma vez que Portugal é dos países da União Europeia (UE) com preços mais elevados da Europa.
ANACOM REALIZOU ESTUDO PARA O CONCELHO DE BAIÃO
O estudo realizado em Baião decorreu entre 15 e 17 de março de 2022, tendo as equipas da ANACOM percorrido cerca de 420 quilómetros e realizado 1596 chamadas de voz, 780 sessões de dados para perceber a ligação à internet e 64 mil registos de sinal rádio.
Neste estudo, solicitado pelo município de Baião à ANACOM, foram analisados os principais indicadores de qualidade, tendo em conta a perspetiva do utilizador e os serviços objeto de estudo:
- cobertura das redes – disponibilidade das redes radioelétricas 2G, 3G, 4G e 5G (sinal de rede);
- serviço de voz – acessibilidade do serviço telefónico móvel;
- serviços de dados – acesso ao serviço de Internet móvel.
Principais resultados dos testes realizados pela ANACOM
Os resultados mostram que:
- Em relação à qualidade da cobertura, no global, em 4% dos valores registados esta é “Inexistente” ou “Muito Má” ou “Má” (a contribuição para este valor por operador é de: 6% no caso da MEO, 3% na Vodafone e em 2% no caso da NOS). Nos níveis opostos, “Boa” e “Muito Boa”, registaram-se a NOS regista 49 %, a MEO 46%, e a Vodafone 39%.
- No serviço de voz, os desempenhos apresentam resultados quanto à acessibilidade (estabelecimento de chamada) de 99,8% para a Vodafone, 99,4% para a NOS e a MEO atingiu os 98,1%, ou seja, em termos globais não foi possível estabelecer chamadas de voz em 4% das tentativas de chamada. Nos casos em que foi possível estabelecer chamadas, observou-se que em 3% deles não foi possível concluí-las com sucesso.
- O rácio de terminação bem-sucedida de chamadas (as que se concretizaram e se realizaram até ao fim) foi de 98,9% para a NOS, 95,3% para a Vodafone e 94,9% para a MEO.
- No serviço de dados (Internet móvel), resultados revelam uma qualidade um pouco mais baixa, sendo a taxa de sucesso de testes de dados móveis através do NET.mede (testes iniciados e concluídos) de 96,2% para a NOS, 92,7% para Vodafone e 75,8% para a MEO, ou seja, globalmente em 12% dos casos não foi possível concluir os testes de acesso à Internet com sucesso.
- As velocidades médias de transferência de dados em download e upload foram, respetivamente, de 74,1 e 17,7 Mbps na Vodafone, 66,5 e 9,5 Mbps na MEO e 41,3 e 19,3 Mbps na NOS.
Na figura seguinte é indicada a classificação do desempenho dos operadores para cada serviço:
Caso já existissem acordos de roaming nacional em Portugal (permitindo que os clientes de qualquer um dos operadores se pudesse conectar à antena de outro operador quando a qualidade de sinal do seu operador não fosse aceitável), teríamos uma cobertura agregada de 99,6% no Município de Baião, como é evidenciado na figura abaixo.
CABOS CAUSAM IMPACTO VISUAL
A passagem de cabos nas fachadas e a proliferação de postes e de fios, principalmente devido ao reforço e alargamento da rede de fibra ótica foi outro dos temas abordados por Paulo Pereira.
O autarca criticou a forma como esta rede foi implementada em certas zonas, sensibilizando o responsável da ANACOM para a cablagem em excesso nos postes e o consequente emaranhado de cabos, uma vez que estes provocam um impacto estético desagradável e condicionam a beleza paisagística em certos pontos do território.