As obras de restauro do órgão de tubos da Igreja de Santa Marinha do Zêzere iniciaram-se no passado dia 30 de junho, com a sua desmontagem para posteriormente ser reparado na oficina do mestre organeiro Pedro Guimarães.
O objetivo é reestabelecer a operacionalidade mecânica e acústica e recuperar o caráter técnico e sonoro primitivo do instrumento.
Por se tratar de um órgão centenário que esteve muito tempo desativado, o trabalho de desmontagem foi efetuado com todas as precauções, de modo a preservar ao máximo as peças que o constituem.
Agora, será a fase do restauro propriamente dito, cujos procedimentos irão ser orientados por critérios de rigor histórico, científico, musicológico e organológico.
As metodologias utilizadas pelo mestre organeiro, permitirão conservar e recuperar todo o material histórico consolidado, corrigir elementos introduzidos em intervenções anteriores, através de técnicas históricas de manufatura da tradição portuguesa de organaria, procurando sempre respeitar o caráter particular do instrumento.
O PROCESSO DE RESTAURO
A máquina do órgão será objeto de conservação e restauro de modo a reestabelecer a operacionalidade mecânica e acústica e a recuperar o caráter técnico e sonoro primitivo do instrumento.
Em simultâneo serão empreendidas duas empreitadas complementares para a sua recuperação integral, nomeadamente a conservação e restauro da caixa e balcão do órgão e a requalificação das estruturas envolventes: o vão em alvenaria/cantaria onde está instalada a máquina e o compartimento traseiro (a casa-dos-foles).
PATRIMÓNIO CUTURAL E CULTUAL
Segundo a Vereadora da Cultura e Património Cultural, Anabela Cardoso, “a Igreja Matriz de Santa Marinha do Zêzere é um imóvel classificado como Monumento de Interesse Público e possui este órgão de tubos com mais de duzentos anos, que é um objeto de grande valor cultural e patrimonial, cujos exemplares existentes já são escassos.
Na autarquia fizemos um trabalho muito atento e dedicado para que a candidatura a fundos comunitários fosse bem-sucedida e com estes apoios vamos valorizar um património de grande importância cultural.
Estas obras visam, portanto, não apenas melhorar as condições de utilização da igreja por parte da comunidade, como também valorizar o património cultural e artístico ali existente e inserem-se na estratégia cultural e turística de atração de visitas ao nosso território, condição importante para a atribuição de apoios para a obra.”
Por seu lado, Manuel Pereira, Presidente da Junta de Freguesia de Santa Marinha do Zêzere, referiu que “este órgão faz parte da memória e identidade da nossa comunidade, mas está inativo há várias décadas e com um elevado estado de degradação, no entanto, trata-se de um elemento artístico de elevado valor patrimonial, histórico e cultural que importa recuperar.
A reabilitação deste instrumento musical histórico, único no concelho de Baião, permitirá ainda a dinamização cultural e do culto religioso do imóvel classificado, o que é algo que me deixa extremamente satisfeito.
O Padre Filipe Azevedo, pároco de Santa Marinha do Zêzere, manifestou-se “muito feliz com este restauro, porque as pessoas, já há algum tempo me perguntam se alguma vez iriam ouvir este som, até porque acho que atualmente ninguém tem memória de o ouvir. Voltar a escutá-lo é fazer uma viagem no tempo!
Acho que vai ser muito bom para esta freguesia que tanto gosta de música, e tenho certeza de que será uma grande mais-valia para todos, a todos os níveis, não só para os zezerenses como para quem cá vier.
Poderemos depois ter diversas iniciativas, desde concertos e até, eventualmente, aulas de música, não esquecendo obviamente o culto, que também sairá enriquecido”.
Complementarmente serão realizadas obras de conservação e restauro em toda a igreja, cujo concurso para empreitada se encontra a decorrer, devendo ser adjudicado em breve.
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